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Boletim da IACM de 8 de setembro de 2013
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EUA — Sanjay Gupta, da CNN diz que os americanos têm sido sistematicamente enganados sobre a utilização de cannabis
O Dr. Sanjay Gupta, correspondente médico-chefe da CNN, pediu desculpas por se opor ao uso medicinal de cannabis e afirmou: "Eu fiz parte dessa falsidade." Desculpou-se ainda, por se opor publicamente à legalização da cannabis, dizendo que "não há base científica" para reivindicar que a cannabis não tenha benefícios médicos. "Durante quase 70 anos, temos sido terrível e sistematicamente enganados, nos Estados Unidos, e peço desculpas pelo meu próprio papel nisso", escreveu num post no dia 8 de Agosto na CNN.com. Destacou os altos índices de mortes por uso de drogas de prescrição, e disse: "Não poderia citar um único caso documentado, de alguém ter morrido por sobredose de cannabis". Em Janeiro de 2011, Gupta foi considerado "uma das 10 celebridades mais influentes" pela revista Forbes.
Disse que não se tinha esforçado muito na pesquisa sobre o tema, e que tinha uma nova opinião desde que o resolveu fazer. Foi incentivado a analisar a questão ao conhecer uma menina de 5 anos de idade em Colorado, para quem a cannabis médica diminuiu drasticamente a quantidade de ataques que vinha sofrendo. O tempo passado com ela e com outros pacientes, fê-lo perceber que os profissionais médicos devem ser responsáveis por oferecer o melhor atendimento possível, e que para isso, poderiam incluir a cannabis.
Ciência EUA — A implementação de leis de cannabis medicinal foi associada com a redução do uso de álcool e de mortes na estrada
A legalização do consumo de cannabis medicinal, foi associada à redução do uso de álcool e à redução de acidentes de trânsito fatais. Este é o resultado de um estudo realizado por cientistas da Universidade de Montana, da Universidade de Oregon, e da Universidade de Colorado, que avaliaram dados sobre o consumo de álcool e as taxas de mortalidade de tráfego para os anos de 1990 a 2010. Os cientistas observaram que no primeiro ano após a entrada em vigor da legalização da cannabis medicinal, "este facto foi associado com uma redução de 8-11 por cento de mortes no trânsito."
Alguns autores escreveram que "a legalização também está associada com quedas acentuadas no preço de cannabis e consumo de álcool, o que sugere que a cannabis e o álcool são substitutos." Concluíram "que a diminuição do uso do álcool é o provável mecanismo através do qual a legalização de cannabis medicinal reduz mortes no trânsito. No entanto, esta conclusão não implica, necessariamente, que a condução sob a influência de cannabis é mais segura do que conduzir sob a influência de álcool. O álcool é frequentemente consumido em restaurantes e bares, enquanto muitos estados proíbem o uso da cannabis medicinal em público. Se o consumo de cannabis normalmente ocorre em casa ou noutros locais privados, a sua legalização poderia reduzir as mortes no trânsito, simplesmente porque os usuários de cannabis são menos propensos a conduzir quando estão sob a influência dela".Os acidentes de trânsito são a principal causa de morte entre os americanos com idades entre 5-34.
Por favor, veja também IACM-Boletim de 4 de Dezembro de 2011.
Notícias
França — Colóquio em 2 de Outubro
As associações Ação Sida Ville e UFCM-I Care (União Francophone pour les cannabinóides en médecine-I Care) estão a organizar um colóquio sobre o uso medicinal da cannabis, em Estrasburgo, no dia 2 de Outubro de 2013. Entre os oradores estão o Dr. Gianpaolo Grassi, Tjalling Erkelens, o Dr. Guillermo Velasco e outros. Por favor, veja. o programa .
EUA — Oregon legaliza os dispensários de cannabis medicinal
O Governador John Kitzhaber assinou um projecto de lei em 14 de Agosto dando autorização ao Estado para licenciar, fiscalizar e auditorar as lojas de venda de cannabis. Os pacientes de cannabis medicinal actualmente são obrigados a cultivar a droga eles mesmos, ou designarem alguém para cultivá-la para eles. Já existem dezenas de dispensários de cannabis, mas eles não estão ainda claramente autorizados a atuar nesta área, por esta não estar até agora legal e claramente definida. O estado de Oregon vai juntar-se a vários outros estados, permitindo dispensários de cannabis.
Associated Press de 14 de Agosto de 2013.
Ciência/Animais — Os efeitos neuroprotetores da minociclina envolvem receptores de canabinóides
Uma nova pesquisa fornece a primeira evidência do envolvimento do sistema endocanabinóide na acção neuroprotetora da minociclina, medicamento utilizado no edema cerebral e no comprometimento neurológico após uma lesão cerebral traumática. Os efeitos da minociclina podem ser bloqueados pelos antagonistas do receptor de CB1 e CB2.
Faculdade de Biologia, Universidade Complutense de Madrid, Espanha.
AB Lopez-Rodriguez et ai. Cereb Cortex. 19 de Agosto de 2013. [Na imprensa] .
Ciência/Humanos — A dor neuropática em pacientes com neuromielite óptica é controlada por um endocannabinoide
A neuromielite óptica ou doença de Devic, consiste na inflamação simultânea e danos do nervo óptico e da medula espinal e está, muitas vezes, associada com a dor neuropática. Uma nova pesquisa em doentes mostra que a dor está associada com os níveis sanguíneos do endocannabinoide 2-AG.
Instituto de Neuroinmunologia Clínica, Universidade Ludwig-Maximilians, Munich, Alemanaha
Pellkofer HL, et al. PLoS One 2013, 8 (oito):. E71500 .
Ciência/Animais — O receptor 5-HT1A está envolvido nos efeitos ansiolíticos do CBD
Pesquisas com ratos mostram que o receptor de serotonina 5-HT1A está envolvido nos efeitos ansiolíticos do CBD (canabidiol). O bloqueio deste receptor, reduziu os efeitos antipânico deste canabinóide natural.
Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Brasil.
Twardowschy, A. et ai. 07 de Agosto de 2013. [Na imprensa] .
Ciência/Animais — Os efeitos do CBD nos movimentos são mediados pelo receptor 5-HT1A
Novas pesquisas com ratos mostram que o CBD tem efeitos directos sobre os movimentos. Cientistas escreveram que os seus resultados de pesquisa "sugerem que o CBD pode influenciar a actividade motora, em especial a actividade vertical, e que este efeito parece ser dependente da sua capacidade para atingir o receptor 5-HT1A, um mecanismo de acção que tem sido proposto para explicar os seus efeitos antieméticos, ansiolíticos e antidepressivos."
Faculdade de Medicina, Universidade Complutense, Madrid, Espanha.
Espejo-Porras F, et al. Neurofarmacologia. 04 de Agosto de 2013. [Na imprensa] .