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Boletim da IACM de 8 de dezembro de 2014

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Ciência/Animais — O THC e o CBD combinados com radioterapia podem ser muito eficazes em tumores cerebrais agressivos

Quando os canabinóides naturais THC (delta-9-tetrahidrocanabinol) e CBD (canabidiol) são usados em conjunto com a radioterapia para tratar o cancro, o crescimento pode praticamente parar. Uma nova investigação, levada a cabo por especialistas da Universidade de St George, em Londres, estudou o tratamento de tumores do cérebro em células e em ratos, e descobriu que o tratamento mais eficaz passava por combinar THC e CBD com radioterapia.

Os resultados demonstraram uma redução - dependente da duração e da dose - na viabilidade das células cancerosas para cada um dos canabinoides. A combinação dos dois canabinoides foi mais do que aditiva. Da mesma forma, o pré-tratamento com THC e CBD em conjunto, durante 4 horas antes da radiação, aumentou a sensibilidade à radioterapia, em comparação com o pré-tratamento com qualquer um dos canabinoides individualmente. Estes resultados com as células cancerosas foram confirmados em ratos com glioma, um tumor cerebral agressivo. Os tumores apresentaram reduções de volume dramáticas quando foram usados ambos os canabinoides em conjunto com a radioterapia. Após 21 dias de tratamento, no grupo de ratos que recebeu este tratamento, o volume médio tinha reduzido cerca de 90 % face ao registado no grupo de ratos que não recebeu o tratamento (5,5 milímetros cúbicos versus 48,7 milímetros cúbicos). Os investigadores escreveram que “os nossos dados realçam a possibilidade de que estes canabinoides consigam preparar as células do glioma para responderem melhor à radiação ionizante, e sugerem que haverá um potencial benefício clínico para os pacientes com glioma quando se usam estas duas modalidades de tratamento.”

Scott KA, Dalgleish AG, Liu WM. The combination of cannabidiol and delta-9-tetrahydrocannabinol enhances the anticancer effects of radiation in an orthotopic murine glioma model. Mol Cancer Ther. 2014 Nov 14. [na imprensa]

Cannabis extract can have dramatic effect on brain cancer, says new research

EUA — Estados de Oregon e Alasca, e a capital do país, votam a favor da legalização da cannabis

Os habitantes dos estados do Oregon e do Alasca, bem como os do distrito federal de Columbia, onde fica a capital do país, Washington, aprovaram, num referendo realizado a 4 de novembro, a legalização da cannabis. As medidas propostas para os estados do Oregon e Alasca passam por legalizar a cannabis para uso recreativo com uma rede de lojas de cannabis semelhante às existentes nos estados de Washington e Colorado – que, na sequência de um referendo em 2012, se tornaram os primeiros estados norte-americanos a permitir o uso da cannabis para fins recreativos.

A proposta do Distrito de Columbia (Washington D.C.), que era menos ambiciosa - vai permitir a posse de cannabis mas não a venda em lojas –, conseguiu quase 65 % dos votos. Os defensores da proposta têm-na apresentado como uma questão de direitos civis: afirmam que os estudos têm revelado que os afro-americanos apresentam uma propensão desproporcionalmente mais elevada para serem presos devido a acusações relacionadas com cannabis do que as pessoas de outras raças. A medida saiu deste referendo fortalecida, mas ainda pode ser barrada aquando da revisão pelo Congresso dos EUA. Se for aprovada, vai permitir que os adultos a partir dos 21 anos possam ter em sua posse até 57 gramas (2 onças) de cannabis e cultivar até seis plantas.

Reuters de 5 de Novembro de 2014

Ciência/Humanos — Pacientes a quem é diagnosticado VIH têm menor carga viral se usam cannabis

O uso diário de cannabis está associado a um plasma com uma carga viral de VIH (pVL) significativamente mais baixa em pessoas diagnosticadas como VIH positivo pela primeira vez. Este é o resultado de um estudo conduzido por investigadores do Hospital St. Paul e da Universidade de British Columbia, em Vancouver, no Canadá. Os cientistas procuraram apurar os possíveis efeitos do uso de cannabis nas cargas virais de VIH no plasma dos consumidores de drogas ilícitas recém-seropositivos. Para isso, analisaram a relação entre as cargas virais e a utilização intensiva de cannabis de 88 participantes que se tornaram seropositivos no período subsequente ao recrutamento para o estudo, que teve lugar entre maio de 1996 e março de 2012.

Os investigadores escreveram que “corroborando as conclusões de outros estudos recentes in vitro e in vivo, incluindo um realizado entre os primatas infectados pelo lentovírus, observou-se uma forte associação entre o uso de cannabis e uma pVL mais baixa entre os participantes recém-seropositivos consumidores de drogas ilícitas. Os nossos resultados justificam mais investigação sobre os efeitos imunomoduladores ou antivirais dos canabinoides entre as pessoas que vivem com VIH/SIDA”.

Milloy MJ, Marshall B, Kerr T, Richardson L, Hogg R, Guillemi S, Montaner JS, Wood E. High-intensity cannabis use associated with lower plasma human immunodeficiency virus-1 RNA viral load among recently infected people who use injection drugs. Drug Alcohol Rev. 2014 Nov 11. [na imprensa]

Ciência/Humanos — O consumo de cannabis pode ser útil na epilepsia resistente a fármacos de acordo com relatos de casos

O consumo de cannabis pode ser útil na epilepsia, de acordo com 18 relatos de casos apresentados por cientistas do Departamento de Medicina da Universidade de Saskatchewan, em Saskatoon, no Canadá. Dos 800 pacientes com epilepsia no centro de epilepsia do departamento, dezoito receberam prescrição para uso medicinal de cannabis. Onze (61%) tinham epilepsia fármaco-resistente.

A dose média de consumo foi de 2 gramas por dia (variação: 0,5 – 8). Dez (56 %) dos pacientes relataram agravamento dos ataques quando pararam a cannabis. Apenas dois pacientes (11 %) relataram efeitos secundários, a todos os pacientes acharam a cannabis medicinal muito útil para o controlo dos ataques e melhoria do distúrbio de humor. Os autores concluíram que os pacientes com epilepsia “que usaram cannabis medicinal têm um perfil em comum. Normalmente são homens jovens e solteiros com epilepsia fármaco-resistente e comorbidade psiquiátrica. A maioria consumiu cannabis antes da prescrição formal e todos acreditam que a droga foi eficaz no controlo dos seus ataques. Devido ao uso concorrente de outros medicamentos para controlar os ataques, é complexo estimar qual o efeito real da cannabis”.

Ladino LD, Hernández-Ronquillo L, Téllez-Zenteno JF. Medicinal Marijuana for Epilepsy: A Case Series Study. Can J Neurol Sci. 2014 Nov 4:1-6. [na imprensa]

Notícias

Ciência/Humanos — O consumo de cannabis reduziu a massa encefálica cinzenta numa pequena região do cérebro

O control de imagens do cérebro de 48 consumidores de cannabis e 62 não consumidores mostraram que os consumidores de cannabis tinham significativamente menos volume cerebral numa pequena região do cérebro (giro órbito-frontal ) e maior conectividade funcional na rede do cortex órbito-frontal. Os autores escreveram que "são precisos estudos longitudinais para determinar a causalidade destes efeitos."

Center for BrainHealth, Universidade do Texas, Dallas, EUA.

Filbey FM, et al. Proc Natl Acad Sci U S A. 2014 Nov 10. [na imprensa]

EUA — Eleitores da Flórida chumbaram o uso de cannabis medicinal

Os eleitores da Flórida não aprovaram a proposta de legalização da cannabis para uso medicinal. A proposta era uma emenda constitucional, que precisava de reunir 60 % dos votos dos eleitores para passar, mas apenas conseguiu o apoio de 57 %.

New York Times de 4 de Novembro de 2014

Guam — Os eleitores legalizam a cannabis para uso medicinal

Nas eleições gerais de 4 de Novembro, 56 % dos eleitores disseram que queriam que a cannabis para uso medicinal fosse legalizada em Guam. O governo vai agora ser obrigado a criar normas e regulamentos para a distribuição e uso da droga. Guam é um território dos Estados Unidos no Oceano Pacífico ocidental.

Guampdn.com de 4 de Novembro de 2014

Dinamarca — O governo financia a pesquisa sobre o uso médico da cannabis

O governo decidiu apoiar, em 857 milhões de coroas (cerca de 115 milhões de euros, 145.000 mil dólares), a investigação médica sobre os benefícios do uso medicinal da cannabis.

The Local de 31 de Outubro de 2014

Ciência/Animais — os canabinóides podem ajudar nos distúrbios de ansiedade

A ativação do sistema endocanabinóide por canabinóides numa certa região do cérebro (na substância cinzenta periaquedutal) atenua as consequências de estímulos aversivos. Os investigadores concluíram que "este processo pode ser considerado no desenvolvimento de tratamentos adicionais contra o pânico e outros distúrbios relacionados com a ansiedade".

Departamento de Farmacologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil.

Viana TG, et al. Psychopharmacology (Berl). 2014 Nov 13. [na imprensa]

Ciência/Animais — Os canabinóides e o diclofenac em sinergia reduzem a dor neuropática

Fármacos anti-inflamatórios não-esteróides, como o diclofenac, e inibidores de MAGL (monoacilglicerol lipase), que inibem a degradação dos endocanabinóides, reduziram a dor neuropática em ratos. O efeito do endocanabinóide foi mediada pelo receptor de CB1.

Universidade de West Virginia, Departamento de Psicologia, Morgantown, EUA.

Crowe MS, et al. Br J Pharmacol. 2014 Nov 13. [na imprensa]

Ciência/Animais — O THC tem efeitos anti-inflamatórios em modelos de macacos infetados com VIH

O THC reduziu a inflamação no intestino de macacos infetados com o virus SI (SIV), que é semelhante ao do VIH nos humanos. Os investigadores escreveram que o THC mediou “a supressão da inflamação gastrointestinal e a manutenção da homeostase intestinal”.

Tulane National Primate Research Center, Covington, EUA.

Chandra LC, et al. J Virol. 2014 Nov 5. [na imprensa]