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Boletim da IACM de 28 de dezembro de 2016

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Alemanha — Primeiro paciente que recebe permissão para produzir a sua própria cannabis

Em 28 de Setembro, o “Instituto Federal de Medicamentos e Dispositivos Médicos”, uma agência do Ministério Federal de Saúde, emitiu a sua primeira licença para produção de cannabis para uso próprio, a um paciente diagnosticado com esclerose múltipla. A licença é válida até 30 de Junho de 2017. A partir desta data, a licença será prorrogada se o seguro de saúde não cobrir o custo das flores de cannabis na farmácia.

Esta permissão foi concedida pelo “Ministerio Federal da SaúdeFederal”, forçado por uma ordem do Tribunal Federal Administrativo, de 6 de Abril do corrente ano. O Governo Federal e o Parlamento alemão estão a preparar uma lei, segundo a qual, os seguros de saúde estarão obrigados a reembolsar os custos de tratamentos com flores de cannabis, dentro de certas condições, de modo a que a necessidade de auto-cultivo seja ultrapassada. Está previsto a lei entrar em vigor no início de 2017.

Permissão para auto-cultivo pelo Instituto Federal de Medicamentos e Dispositivos Médicos de 28 de Septembro de 2016

Ciência/Humanos — O canabidiol é eficaz numa série de casos de síndromes epilépticos relacionados com infecções febris

Médicos de vários centros pediátricos nos E.U.A., em Filadélfia, Nova Iorque, Houston e Chicago, apresentaram casos de sete crianças com síndrome epiléptico relacionados com infecção febril (FIRES), que não tiveram resposta a medicamentos anti-epilépticos ou outras terapias, às quais foram administradas o extracto de canabidiol Epidiolex. Após começarem o tratamento com canabidiol, seis em sete pacientes, tiveram as suas convulsões encurtadas em frequência e duração.

Um paciente faleceu, devido à falha múltipla de orgãos, associada ao isoflurane. Houve o desmame de uma média de quatro medicamentos anti-epilépticos.

Os autores escreveram que “como isto são uma série de casos em aberto os investigadores adicionaram o canabidiol como um possível tratamento para o FIRES”

FIRES é uma forma grave de epilepsia, que afecta crianças normais após um estado febril. Apresenta-se numa fase aguda, com um elevado grau de dificuldade para tratamento do estado epiléptico, desenvolvendo todos os pacientes um estágio crónico com epilepsia refractária persistente. O resultado típico são graves lesões cerebrais ou morte.

Gofshteyn JS, Wilfong A, Devinsky O, Bluvstein J, Charuta J, Ciliberto MA, Laux L, Marsh ED. Cannabidiol como Tratamento Potencial do Síndrome Epilético associado á Infecção Febril (FIRES). J Child Neurol. 2016 Sep 21. [na impresa]

Ciência/Humanos — O canabidiol melhora formas severas de epilepsia infantil em ensaio clínico controlado

O fabricante do Epidiolex ,extracto de CBD, a GW Pharmaceuticals, reportou resultados positivos no segundo ensaio clínico controlado com placebo em Fase 3 de esta preparação para tratamento de convulsões, associadas ao síndrome de Lennox-Gastaut, um tipo raro e grave de epilepsia infantil. O ensaio dividiu 225 pacientes aleatoriamente em 3 ramos, onde o Epidiolex foi adicionado ao tratamento corrente, em doses de 20mg/kg por peso corporal e por dia (n=76) ou numa dose de 10mg/kg dia (n=73). Os outros pacientes receberam um placebo.

Os pacientes que tomaram a dose mais alta de Epidiolex, alcançaram uma redução média mensal de convulsões de 42 por cento, comparadas com uma redução de 17 por cento nos pacientes que receberam o placebo, e os que tomaram a dose mais baixa de Epidiolex, uma redução mensal de convulsões de 37 por cento. “O resultado positivo neste segundo ensaio de Epidiolex em pacientes com o síndrome de Lennox-Gastaut, demostra a eficácia deste produto, na dificuldade particular de tratar epilepsia infantil precoce”, afirmou o Dr Orrin Devinsky da New York University Langone Medical, investigador principal do ensaio.

Comunicado de imprensa de GW Pharmaceuticals de 26 de Septembro de 2016.

Ciência/Humanos — O canabinóide sintético Resunab reduz inflamações em indíviduos saudáveis

Resunab, conhecido formalmente como ácido ajulémico, reduziu os sinais de inflamação em 15 indíviduos saudáveis, nos quais a inflamação foi induzida através de uma injecção sub-cutânea de bactérias mortas pelo calor (E.coli). Resunab inibiu a infiltração de células brancas sanguíneas, um factor determinante da gravidade da inflamação, em aproximadamente 70%. Estes dados foram apresentados no 6º Workshop Europeu de “Lipid Mediators”, em 28 de Setembro do corrente ano, em Frankfurt na Alemanha.

O primeiro conjunto de dados, é sobre 15 indíviduos (5 com placebo, 5 com 5mg de Resunab duas vezes por dia, e 5 com 20mg de Resunab duas vezes ao dia). A dose superior neste estudo, é a mesma que a dose mais elevada dos ensaios clínicos em Fase 2, a decorrerem com Resunab em fibrose quística, esclerose sistémica e dermatomiosite, respectivamente. Resunab é um canabinóide sintético oral, que liga preferencialmente ao receptor CB2.

Nota de imprensa de Corbus Pharmaceuticals de 28 de Septembro de 2016.

Notícias

Ciência/Animais — O sistema endocanabinóide pode ser um alvo para o tratamento do autismo.

Num modelo de ratos de autismo, os pesquisadores observaram mudanças no receptor CB1 e níveis reduzidos do endocanabinóide anandamida. Os autores concluiram que “o sistema endocanabinóide pode representar o alvo terapêutico para o núcleo e sintomas associados manifestados pelos pacientes autistas”.

Universidade "Roma Tre", Italia

Servadio M, et al. Transl Psychiatry. 2016;6(9):e902.

Ciência/Animais — Os canabinóides aumentam os efeitos de medicamentos anti-epilépticos padrão

Os canabinóides que activam os receptores CB1 (WIN55,212-2, ACEA), potenciam os efeitos anti-epilépticos da carbamazepina, diazepam, felbamato, gabapentina, fenobarbital, topiramato e valproato, num modelo epiléptico de ratos.

Departamento de Ciências da Saúde, Faculdade de Medicina, Universidade "Magna Graecia" de Catanzaro, Italia.

Citraro R, et al. Eur J Pharmacol. 2016;791:523-534.

Ciência/Humanos — O uso de cannabis durante a gravidez não está associado a nenhum resultado adverso no nascimento

Segundo uma revisão de estudos sobre os efeitos do uso da cannabis durante a gravidez, não existe riscos para nascimentos de baixo peso ou prematuros. Os autores, depois do ajuste para factores confundíveis, concluiram que o uso materno de cannabis durante a gravidez não é um factor de risco para desfechos neo-natais adversos.

Departmento de Obstetricia e Ginecologia, Universidade de Washington en St. Louis, USA.

Conner SN, et al. Obstet Gynecol. 2016;128(4):713-23.

Ciência/Humanos — a legalização de cannabis nos E.U.A. teve efeitos adversos minímos na saúde.

Segundo o relatório do Instituto CATO em Washington DC, a legalização da cannabis no Alaska, Colorado, Oregon e Washington, teve somente um efeito adverso mínimo na saúde e segurança, inclundo o uso de drogas, taxa de suicídios e crime, e segurança rodoviária.

Dose de realidade: O efeito da legalizaçao Estatal da Marijuana

Ciência/Animais — A activação do novo receptor canabinóide GPR18 teve efeitos benéficos no coração

A activação em ratos do receptor canabinóide GPR18 pelo canabidiol anormal (abn-CBD), causou hipotensão, suprimindo a dominância simpática cardíaca, melhorando a função do ventrículo esquerdo, reduzindo também a pressão diastólica do ventrículo esquerdo em ratos. Os autores escreveram que “as correntes descobertas, apresentam novas evidências para um salutar desempenho cardiovascular do GPR18”.

Escola de Medicina Brody, Universidade de Carolina do Este, Carolina do Norte, USA.

Matouk AI, et al. J Cardiovasc Pharmacol. 2016 Sep 20. [na imprensa]

Ciência/Humanos — O bloqueio do receptor CB1 aumenta a inflamação

Em 20 pacientes obesos com síndrome de ovários poliquísticos, o bloqueio do receptor CB1 por rimonabant aumentou os sinais de inflamação, nomeadamente a concentração do VEGF (factor de crescimento endotelial vascular), e a citocina pró-inflamatória interleukina 8.

Departmento de Endocrinologia Académica, Diabetes e Metabolismo, Universidade de Hull, UK.

Sathyapalan T, et al. Clin Endocrinol (Oxf). 2016 Sep 21. [na imprensa]

Ciência/Células — O THC reduz a permeabilidade das células epiteliais das vías aéreas

Num estudo com células epiteliais brônquicas, o THC reduziu a permeabilidade após exposição a citocinas pró-inflamatórias, por activação do receptor CB2. Os autores escreveram que o THC “beneficia a prevenção de alterações a inflamações induzidas na permeabilidade das células epitiliais das vías aéreas, um importante feito em doenças transmitidas pelo ar.

Escola de Ciências da Vida, Universidade de Notthingam, Reino Unido

Shang VC, et al. Biochem Pharmacol. 2016 Sep 15. [na imprensa]

Ciência/Células — Os canabinóides reduzem a viabilidade de células cancerígenas no estômago

Num estudo com células humanas de adenocarcinoma do estômago, vários canabinóides (CP55, 940, anandamida e meta-anandamida) reduziram a sua viabilidade. Os autores descrevem que os seus resultados “suportam e confirmam o potencial terapêutico que os agonistas do receptor de canabinóides exercem em células do cancro gástrico”.

Instituto Nacional de Cancerología, Ciudade de Mexico, Mexico.

Ortega A, et al. Life Sci. 2016 Sep 15. [na imprensa]

Ciência/Células — O THC causa a morte a células cancerígenas, induzindo mudanças no retículo endoplasmático

O THC aumenta o ratio dihidroceramida:ceramida no retículo endoplasmático, um composto das células, em certas células cancerígemas cerebrais (glioma), e esta alteração leva finalmente à apoptose, uma forma programada de morte celular.

Escola de Biología, Universidade Complutense de Madrid, Espanha.

Hernández-Tiedra S, et al. Autophagy. 2016 Sep 16:1-17. [na imprensa]

Ciência/Células — A anandamida provoca o relaxamento das artérias humanas

Nas artérias mesentéricas de 31 pacientes que tinham sido submetidos a ressecção intestinal, o endocanabinóide anandamida causou moderada vaso-dilatação dependente do endotélio, por activação dos receptores CB1.

Escola de Medicina, Universidade de Nottingham, Hospital Royal Derby, Reino Unido.

Stanley CP, et al. Pharmacol Res. 2016;113(Pt A):356-363.