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Boletim da IACM de 24 de outubro de 2011
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Ciência — Segundo um estudo observacional a cannabis melhora os sintomas do transtorno de stress pós-traumático.
Segundo um estudo observacional realizado pelos cientistas do Centro de Diagnóstico e consultoria MaReNa de Bat-Yam, Israel, e apresentado no Congresso de Cannabinoides de 2011 celebrado em Bonn, Alemanha, o consumo de cannabis pode melhorar os sintomas do transtorno de stress pós-traumático. Como parte do protocolo de trabalho da consultoria, foi avaliado o estado mental de 79 doentes adultos com transtorno de stress pós-traumático que tinham solicitado ao Ministério de Saúde permissão para consumir cannabis com fins terapêuticos. Só alguns (por volta de 50%) obtiveram autorização, e foram eles que constituíram o grupo em estudo. Foi feito um seguimento que durou 2 anos.
A maior parte dos doentes com TSPT ainda tomavam medicação convencional receitados pelos médicos que os tratavam. A dosagem diária de cannabis foi de 2-3 gramas por dia. Foi observada na maior parte dos casos uma melhoria significativa na qualidade de vida e da dor, com algumas alterações positivas na gravidade do TSPT. Os doentes informaram duma interrupção ou diminuição da dosagem de analgésicos e sedativos. A maior parte daqueles que melhoraram pertenciam ao grupo que apresentava maiores níveis de dor e/ou depressão. Os investigadores concluem dizendo que “os resultados demonstram uma boa tolerância e outros benefícios (…) em particular naqueles doentes que ainda apresentavam dor e/ou depressão”.
Mais resumos em:
Livro de resumos do Congresso sobre cannabinoides de 2011:
- http://www.cannabis-med.org
- http://www.cannabis-med.org/meeting/Bonn2011/abstractbook.pdf
(Fonte: Reznik I. Medical cannabis use in post-traumatic stress disorder: a naturalistic observational study. Resumo apresentado no Congresso sobre Cannabinoides de 2011, 8-10 de Setembro, Bonn, Alemanha)
Notícias
EUA — Rhode Island
Não serão criados dispensários médicos de cannabis em Rhode Island após o governador Lincoln Chafee desdenhar a ideia por medo a que fosse ilegal segundo as leis federais. Chafee, que tinha prometido apoiar esta medida, diz que tinha chegado à conclusão de que a criação de tais dispensários estatais poderia violar as leis federais e transformar-se em alvo de perseguição por parte da administração federal. Anteriormente a esta mudança, Chafee tinha a esperança de pôr em prática uma lei estatal de 2009 que houvesse permitido a distribuição de cannabis através de três estabelecimentos estatais, os chamados “centros de compaixão" (Fonte: Reuters do 30 de Setembro de 2011)
Holanda — Coffee shops
Foi proibida aos turistas estrangeiros a venda de cannabis nos coffee shops da cidade fronteiriça holandesa de Maastricht. Segundo a BBC a proibição não se aplica aos visitantes da Bélgica ou da Alemanha, que representam a maioria dos clientes. Existem por volta de 700 coffee shops que vendem cannabis em todo o território dos Países Baixos. (Fonte: BBC News de 1 Outubro de 2011)
Ciência — Cannabis e risco de acidentes
Segundo um meta-analise de nove estudos epidemiológicos publicados em inglês nos últimos 20 anos sobre o consumo de cannabis e o risco de acidentes, o risco relativo vai de 0,85 até 7,16, tendo como resultado um odds ratio de 2,66, menor do que com o álcool. (Fonte: Li MC, et al. Epidemiol REV. 2011 Oct 4. [em imprensa]
Ciência — ACBD
Segundo investigações realizadas na Universidade de Bradford, Reino Unido, o cannabidiol (CBD) e o ácido cannabidiólico (ACBD) exercem efeitos similares sobre a predisposição das contracções do tracto gastrointestinal do Suncus murinus (musaranho do almíscar). Nos tecidos estimulados eléctricamente, o ACBD inibe as contracções induzidas pelas frequências mais baixas, enquanto o CBD inibe as contracções induzidas pelas mais altas. Estes efeitos foram independentes dos receptores cannabinoides. O ACBD é o precursor do CBD na planta (Fonte: Cluny NL, et al. Arch Pharm Res 2011; 34(9): 1509-17)
Ciência — Analgesia pelo placebo
Segundo estudos realizados na universidade de Turim, Itália, quer os receptores opioides, quer os CB1 estão envolvidos na redução da dor induzida por placebos. Os investigadores concluem as suas investigações dizendo que “ o sistema endocannabinoide tem um papel fundamental na analgesia por placebo nalgumas circunstâncias quando o sistema opioides não esta envolvido”(Fonte: Benedetti F, et al. Nat Med 2011 Oct 2. [em imprensa]
Ciência — Isquémia
Segundo investigações realizadas na Universidade do Rei Faisal em Al-Ahsa, Arabia Saudita o cannabidiol (CBD) impede o dano hepático causado pela diminuição da perfusão sanguínea (isquemia). Os autores concluem dizendo que o cannabidiol representa uma opção terapêutica potencial para proteger o fígado contra a deterioração provocada pela redução transitória da captação de oxigénio. (Fonte: Fouad AA, Jresat I. Eur J Pharmacol. 2011 Sep 14. [em imprensa])
Ciência — Dor
Cientistas da Universidade de Lanzhou, China, estudaram a interacção entre os receptores do neuropéptido FF e o sistema endocannabinoide. As suas investigações em animais indicam que a activação dos receptores centrais do neuropéptido FF aumenta a redução da dor central e periférica mediada pelos cannabinoides. Chegam à conclusão de que “ este trabalho pode preparar o caminho de uma nova estratégia para a utilização terapêutica conjunta de agonistas dos cannabinoides e do NPFF para o tratamento da dor” (Fonte: Fang Q, et al. Neuropharmacology. 2011 Sep 19. [em imprensa])
Ciência — Pânico
Segundo investigações realizadas na Universidade de São Paulo, Brasil, a anandamida provavelmente exerce quer um efeito panicolítico (redutor do pânico) como panicogénico (indutor de pânico) através das suas acções opostas sobre os receptores CB1 e vaniloides. (Fonte: Casarotto PC, et al. Neuropsychopharmacology. 2011 Sep 21. [em imprensa])