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Boletim da IACM de 20 de outubro de 2015
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Croácia — Legalização de acesso limitado a medicamentos à base de cannabis
O governo croata legalizou o uso da cannabis para fins medicinais, que pode ser prescrita a pacientes que sofrem de doenças como esclerose múltipla, cancro, epilepsia ou SIDA. A imprensa croata informou que, por enquanto, não será disponibilizada em farmácias, mas através de oito farmacêuticas.
Nos termos da legislação, os médicos vão poder prescrever medicamentos, chás e pomadas contendo THC aos seus pacientes, enquanto cada paciente poderá receber uma quantidade muito limitada, de até 750 mg de THC por mês. O Ministério da Saúde alertou para o facto de a cannabis não curar qualquer das doenças referidas, mas poder ser usada para aliviar a dor e o sofrimento resultantes de certas doenças crónicas graves. O ministério também avisou que o cultivo de cannabis por particulares vai continuar a ser ilegal.
The Freepress Journal de 15 de outubro de 2015
Ciência/Humanos — Pessoas usam cannabis para substituir álcool, drogas ilegais e medicamentos
Muitos pacientes recorrem a preparados de cannabis para substituir outras substâncias, incluindo o álcool, drogas ilegais e medicamentos. Este é o resultado de um estudo, envolvendo 473 adultos, realizada por investigadores canadianos do Centre for Addictions Research of British Columbia, na Universidade de Victoria e outros organismos de investigação. Este estudo com 414 perguntas foi disponibilizado a canadianos que usaram cannabis, através de suportes online e em papel, em 2011 e 2012.
87% dos inquiridos tinha substituído o álcool, drogas ilícitas ou medicamentos prescritos por cannabis: 80,3% usava cannabis em vez de medicamentos, 51,7% em vez de álcool e 32,6% para substituir drogas ilícitas. Os autores concluíram que "o uso medicinal da cannabis pode vir a ter um papel na redução de danos no contexto do uso dessas substâncias, e pode ter implicações nas abordagens ao tratamento baseado na abstinência do consumo de substâncias".
Ciência/Animais — Euforia causada por exercícios de resistência, a “emoção do corredor”, é siginificativamente causada por endocanabinóides
Um grupo de investigadores na Alemanha descobriram que a chamada emoção do corredor (“runners high”), geralmente atribuída a endorfinas, é causada por endocanabinóides, sugerindo que é semelhante à sensação que as pessoas experienciam depois de consumir cannabis. As endorfinas, substâncias químicas naturais produzidas pelo organismo, têm propriedades de alívio da dor semelhantes à morfina. Durante o exercício intenso, o alongamento e desgaste dos músculos faz com que o corpo aumente a produção de beta-endorfina e anandamida (um endocannabinóide). Para descobrir qual dos produtos químicos é responsável pela emoção do corredor, os investigadores da Universidade de Heidelberg fizeram três experiências com ratos.
Os cientistas demonstraram que os recetores de canabinóides medeiam a redução da ansiedade e da dor após a corrida. "A emoção do corredor é uma sensação subjetiva de bem-estar que alguns seres humanos experienciam após o exercício prolongado", escreveram os investigadores no estudo. "Durante décadas, pensou-se que a libertação de endorfina induzida pelo exercício era o único responsável por esta sensação, mas evidências recentes sugerem que os endocanabinóides também desempenham um papel neste processo".
Notícias
Chile — Governo quer legalizar venda de medicamentos à base de cannabis
O Governo chileno quer permitir o acesso a medicamentos à base de cannabis. O executivo quer alterar um decreto sobre a cannabis medicinal para permitir a venda desses medicamentos com o apoio de um médico especialista. Anunciou que estão a trabalhar na redação do novo decreto.
Drug Policy Debate Radar de 10 de outubro de 2015
EUA — Lei com nova regulamentação sobre a cannabis medicinal na Califórnia assinada pelo Governador.
O governador da Califórnia Jerry Brown assinou uma lei com regras claras sobre a produção e distribuição de cannabis medicinal, como descrito no ultimo Boletim da IACM.
Reuters de 10 de outubro de 2015
Uruguai — A cannabis estará disponível em farmácias
O governo do Uruguai anunciou que atribuiu licenças a duas empresas para cultivarem cannabis para distribuição comercial, acrescentando que deverá estar à venda nas farmárias no próximo ano.
Reuters de 2 de outubro de 2015
Ciência/Animais — Recetor CB1 envolvido em mudanças após privação de água
Em ratos que não tiveram acesso a água durante 24 horas o número de recetores CB1 aumentou numa certa região do cérebro (hipotálamo). O investigador descobriu que os recetores canabinóides tipo 1 "participam nas respostas homeostáticas que regulam o equilíbrio dos fluídos e a homeostase energética" durante a privação de água.
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Brasil.
Ruginsk SG, et al. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol. 14 de outubro de 2015 [na imprensa]
Ciência/Animais — Os canabinóides podem ajudar a prevenir a recaída na dependência de cocaína
Através de um estudo com ratos, cientistas demonstraram "que o CB1R [recetor canabinóide tipo 1] é um potencial alvo terapêutico para prevenção da recaída, particularmente em indivíduos cujo consumo de cocaína esta relacionado com o stress."
Departamento de Ciências Biomédicas da Universidade de Marquette, Milwaukee, EUA.
McReynolds JR, et al. Psychopharmacology (Berl). 12 de outubro de 2015 [na imprensa]
Ciência/Humanos — Metabólitos de THC no cabelo não provam consumo de THC
O THC e seu metabólito THC-COOH "podem estar presentes no cabelo de indivíduos que não consumiram, sendo transferidos por consumidores de cannabis, através das mãos, sebo/suor ou fumo da cannabis", revela um novo estudo.
Instituto de Medicina Forense, Toxicologia Forense, Medical Center - Universidade de Freiburg, Alemanha.
Moosmann B, et al. Sci Rep. 2015;5:14906
Ciência/Humanos — A cannabis e outras drogas podem piorar a evolução do stress pós-traumático
Num estudo com 22,948 soldados com síndroma de stress pós-traumático, o consumo de qualquer droga investigada (álcool, opiáceos, sedativos, cocaína e cannabis) antes do início do tratamento não teve qualquer efeito relevante sobre os resultados do tratamento. No entanto, a abstinência aos 4 meses após o início do tratamento, independentemente da substância, foi fortemente associada a uma melhoria nos sintomas.
VA New England Research Doença Mental e Centro de Educação, West Haven, EUA.
Manhapra A, et al. Drug Alcohol Depend. 25 de setembro de 2015. [na imprensa]
Ciência/Humanos — Consumo de annabis e álcool associados a diferentes estilos de música
Ouvir música enérgica (dos géneros rap ou hip-hop, soul ou funk) foi associado a um consumo mais elevado de cannabis, enquanto a música country foi associada a um maior consumo de álcool.
Departamento de Psicologia, Texas State University, San Marcos, EUA.