- Publicado
- Última actualização
- tempo de leitura
Boletim da IACM de 20 de outubro de 2014
- Authors
Ciência/Humanos — Spray de cannabis eficaz contra a dor neuropática em estudo a longo-prazo
O spray de THC/CBD Sativex, foi benéfico para a maioria dos pacientes com dor neuropática periférica. É este o resultado de um estudo a longo-prazo conduzido por uma equipa de investigadores do Hospital Solihull, no Reino Unido. Participaram neste estudo 380 pacientes com dor neuropática periférica associada a diabetes ou alodinia (hipersensibilidade à dor), selecionados a partir de dois ensaios aleatórios controlados. O Sativex foi-lhes administrado durante mais de 38 semanas, juntamente com o seu tratamento habitual para a dor.
Ao todo, 234 pacientes concluíram o estudo (62 por cento). Ao longo do tempo, o nível médio de dor dos pacientes baixou de 6,9 pontos (valores preliminares nos estudos controlados) para 4,2 pontos (no final do estudo aberto). A proporção de pacientes que apresentaram pelo menos uma melhoria clínica relevante dos níveis de dor continuou a aumentar com o tempo. Pelo menos metade dos pacientes apresentou uma melhoria de 30 por cento em todos os momentos do estudo.
Ciência EUA — Mais de 90 por cento consideram a cannabis útil em tratamentos médicos, revela um estudo
A cannabis foi usada para fins medicinais por mais de 5 por cento dos californianos e mais de 90 por cento afirmam que os ajudou na sua doença. Os investigadores do Instituto de Saúde Pública, em Sacramento, Califórnia, usaram dados do California Behavioral Risk Factor Surveillance System 2012, um estudo anual, conduzido a nível estatal através de entrevistas telefónicas a uma amostra representativa da população adulta.
Cinco por cento dos 7.525 adultos californianos afirmaram já ter utilizado cannabis para fins medicinais, e a maioria dos utilizadores acredita que esta ajudou no alívio dos sintomas ou no tratamento de uma doença grave. A prevalência foi semelhante quando comparados por sexo, escolaridade e região. “Os resultados do nosso estudo corroboram a ideia de que a cannabis para fins medicinais é usada por vários grupos de pessoas e não exclusivamente por um grupo em particular”, escreveram os autores. Adultos de todas as idades afirmaram utilizar cannabis para uso medicinal, embora os jovens adultos tenham sido os mais propensos a usá-la.
Washington Post de 1 de Outubro de 2014
Ciência/Humanos — cannabis considerada tratamento alternativo mais eficaz para a dor em estudo com mulheres
A cannabis para uso medicinal foi considerada o tratamento alternativo mais eficaz para alívio da dor crónica, de acordo com um novo estudo. O estudo online com mais de 2.400 doentes que sofrem de dor crónica foi conduzido pela National Pain Report. Tendo-lhes sido apresentada uma lista de 11 terapias alternativas, muitas mulheres disseram que tinham experimentado várias no último ano. Embora a cannabis tenha sido uma das terapias menos usadas, subiu rapidamente ao pódio quando as mulheres foram questionadas a respeito da eficácia dos tratamentos que tinham experimentado. Perto de 80 por cento das 431 mulheres que tinham usado cannabis afirmaram que esta tinha ajudado a aliviar a dor.
Muitas mulheres disseram que tinham curiosidade a respeito da cannabis para uso medicinal mas tinham receio de experimentar porque a cannabis é ilegal nos países ou estados onde vivem. “Eu ADORARIA experimentar cannabis para uso medicinal”, escreveu uma mulher. “Mas não está disponível legalmente na Austrália e eu não devia ter de cometer um crime para ter a possibilidade de viver sem dor”. “A cannabis…ajuda mais que o Tramadol, mas não posso comprá-la legalmente na Finlândia. Mesmo que conseguisse uma receita, seria muito caro para mim”, escreveu outra mulher, que sofre de osteoartrite e dor nas costas.
American News Report de 18 de Septembro de 2014
Ciência/Humanos — O canabidiol melhora a qualidade de vida em pacientes com doença de Parkinson
Pode ser que um efeito do CBD (canabidiol) ajude a melhorar a qualidade de vida em pacientes com doença de Parkinson. As conclusões são de um estudo conduzido por uma equipa de investigadores brasileiros, da Universidade de São Paulo. De uma amostra de 119 pacientes avaliados de forma continua numa clínica de ambulatório especializada em distúrbios do movimento, selecionaram 21 pacientes sem demência ou problemas psiquiátricos. Os participantes foram divididos em três grupos de sete indivíduos cada, que foram tratados com placebo, 75 mg diários de CBD ou 300 mg diários de CBD.
A administração de doses diárias de 300 mg de CBD foi associada a “níveis médios totais significativamente diferentes” em matéria de bem-estar e qualidade de vida, em comparação com o placebo. Contudo, o CBD não atenuou os sintomas gerais da doença, nem se revelou neuroprotector. “Este estudo aponta para um possível efeito do CBD na melhoria de medidas relacionadas com a qualidade de vida de pacientes com DP sem comorbilidades psiquiátricas”, afirmam os autores.
Ciência/Humanos — Pacientes que usam cannabis podem ter melhores recuperações em caso de lesão cerebral traumática
“Resultados positivos no teste de THC estão associados a uma taxa de mortalidade inferior em pacientes adultos com TCE [traumatismo crânio-encefálico]”, afirmam investigadores do Harbor-UCLA Medical Center, em Torrence, Califórnia. Os investigadores estabeleceram uma relação entre um resultado positivo no teste toxicológico ao tetrahidrocanabinol (THC) e a mortalidade após um traumatismo crânio-encefálico. Foi feita uma análise retrospetiva aos dados de 3 anos de doentes com lesão cerebral traumática e exame toxicológico.
Foram encontrados 446 casos que cumpriam os critérios de inclusão no estudo. A incidência do teste de THC positivo foi de 18,4 por cento (82). A mortalidade global foi de 9,9 por cento (44). No entanto, a mortalidade no grupo de THC positivo foi de apenas 2,4 por cento - e significativamente mais baixa que a registrada no grupo THC negativo (11,5 por cento).
Notícias
Ciência/Humanos — O sistema endocanabinoide está envolvido na redução da dor causada pelo exercício
Num estudo envolvendo 58 homens e mulheres, investigadores encontraram fundamento para um possível mecanismo endocanabinoide de redução da dor após o exercício isométrico.
Departamento de Cinesiologia, Universidade de Wisconsin-Madison, EUA.
Koltyn KF, et al. J Pain. 23 de Setembro de 2014. [na imprensa]
Ciência/Humanos — O uso de cannabis reduz a formação de coágulos no sangue
A ativação dos receptores de canabinoides provocada pelo uso da cannabis reduz a ativação plaquetária e a coagulação do sangue, tanto em testes com células como em seres humanos que consumiram cannabis. Os autores escreveram que tal “pode revelar-se benéfico na procura de novas terapias antitrombóticas”.
Departamento de Química Clínica e Hematologia do Hospital Universitário de Utrecht (UMCU), Holanda
De Angelis V, et al. PLoS One 2014;9(9):e108282.
EUA — Ministro da Justiça diz que é altura de repensar a classificação da cannabis
Em entrevista ao Yahoo News US, o procurador-geral Eric Holder, chefe do Departamento de Justiça, afirmou que está na hora de reconsiderar a classificação da cannabis no enquadramento jurídico federal. Na classificação atual, a cannabis surge na mesma categoria que a heroína. A revisão da classificação poderia, por isso, mudar drásticamente a forma como o governo federal lida com a cannabis na guerra contra as drogas. O procurador Eric Holder anunciou recentemente que vai renunciar ao seu cargo.
Vox News de 25 de Setembro de 2014
Jamaica — Descriminalização da cannabis prevista para o final do ano
O Ministro da Justiça da Jamaica, Mark Golding, disse aos jornalistas que o legislador deve passar a classificar como um delito menor a posse de 2 onças (56 gramas) ou menos, antes do final de 2014. Mark Golding espera ainda que a descriminalização para fins religiosos, por rastafáris, já esteja autorizada nessa altura.
Associated Press de 30 de Setembro de 2014
Israel — Reservistas do exército autorizados a utilizar cannabis para uso medicinal
O exército israelita decidiu autorizar os soldados na reserva com receitas de cannabis para uso medicinal a continuar a usar a medicação mesmo quando estão a cumprir o seu dever de reserva ativa. A decisão afeta algumas centenas de soldados na reserva e o exército não publicou diretrizes precisas.
Times de Israel de 22 de Setembro de 2014
Ciência/Animais — Os canabinoides reduzem inflamação do intestino
Os canabinoides aliviam a inflamação intestinal induzida experimentalmente, atuando sobre os receptores canabinoides centrais e periféricos em ratos.
Instituto Snyder para a Doença Crónica, Departamento de Medicina, Universidade de Calgary, Canadá.
Fichna J, et al. PLoS One 2014;9(10):e109115.
Ciência/Animais — O cannabigerol inibiu o cancro do cólon
O desenvolvimento do cancro do cólon foi inibido em modelos de ratos pelo cannabigerol, um canabinoide não psicotrópico natural. Este efeito foi mediado pelo antagonismo do TRPM8 (receptor potencial transitório M8).
Departamento de Farmácia, Universidade de Nápoles Federico II, Itália.
Borrelli F, et al. Carcinogenesis.30 de Setembro de 2014 [na imprensa]
Ciência/Animais — O R-flurbiprofeno atenua a inflamação num modelo de rato com esclerose múltipla
O R-flurbiprofeno tem uma estrutura química semelhante à do medicamento anti-inflamatório não esteroide flurbiprofeno, que foi avaliada como tratamento para a doença de Alzheimer. Os investigadores concluíram que “os resultados promissores sugerem uma potencial eficácia do R-flurbiprofeno no tratamento da esclerose múltipla em humanos, e a sua baixa toxicidade pode justificar um ensaio clínico”.
Instituo de Farmacologia Clínica do Hospital da Universidade Goethe, Frankfurt am Main, Alemanha.
Schmitz K, et al. EMBO Mol Med. 30 de Setembro de 2014. [na imprensa]
Ciência/Animais — Efeitos neuroprotetores do CBG na doença de Huntington
O CBG (cannabigerol) foi "extremamente" neuroprotetor em dois modelos de rato da doença de Huntington. Os autores escreveram que "estes resultados abrem novas vias de investigação para o uso do CBG, sozinho ou em combinação com outros fitocanabinóides ou terapias, para o tratamento de doenças neurodegenerativas, como a doença de Huntington.
Instituto Universitário de Investigação em Neuroquímica, Universidade Complutense, Madrid, Espanha.
Valdeolivas S, et al. Neurotherapeutics. 25 de Setembro de 2014. [na imprensa]