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Boletim da IACM de 15 de julho de 2015

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Ciência/Humanos — Leis que permitem o uso medicinal da cannabis nos EUA não aumentam o consumo em adolescentes

O consumo de cannabis não aumentou entre os adolescentes nos estados dos EUA onde a cannabis medicinal se tornou legal, comunicaram investigadores da Universidade de Columbia, em Nova York, EUA, a 15 de Junho de 2015. Esta nova análise é o esforço mais abrangente até hoje feito para responder a uma questão muito debatida: A descriminalização da cannabis leva mais adolescentes a começarem a consumir? O estudo revelou que os estados que legalizaram o uso medicinal tinham taxas de consumo de cannabis entre os adolescentes mais elevadas antes da entrada em vigor das leis, quando comparados com estados em que a cannabis continua a ser ilegal. Esses níveis não foram afectados pelas mudanças da lei, revelou o estudo.

O relatório, publicado na revista The Lancet Psychiatry, abrange um período de 24 anos e foi baseado em inquéritos a mais de um milhão de adolescentes em 48 estados. A principal preocupação de ambos os lados do debate sobre a cannabis medicinal tem sido a de que diminuindo as restrições à cannabis se esteja a passar a mensagem errada aos jovens, e tornar a droga mais disponíveis e mais apelativa. Os adolescentes que desenvolvem e mantêm um consumo intenso e diário aumentam o risco de ter dificuldades cognitivas mais tarde, sugerem vários estudos.

Hasin DS, Wall M, Keyes KM, Cerdá M, Schulenberg J, O'Malley PM, Galea S, Pacula R, Feng T. Medical marijuana laws and adolescent marijuana use in the USA from 1991 to 2014: results from annual, repeated cross-sectional surveys. Lancet Psychiatry 15 de Junho de 2015. [na imprensa]

New York Times de 15 de Junho de 2015

Ciência/Humanos — Avaliações sobre os benefícios médicos da cannabis confirmam boas evidências em algumas doenças

Há evidências de moderada ou elevada qualidade a fundamentar o uso de cannabis em algumas condições médicas, mas não noutras, de acordo com duas revisões de estudos anteriores, publicadas no Journal of the American Medical Association (JAMA). Depois de analisar 80 estudos randomizados que incluíram cerca de 6.500 pessoas, os investigadores encontraram fundamento moderado para o uso de cannabis no tratamento da dor crónica, espasmos musculares e movimentos involuntários.

A evidência não é tão forte no que respeita a fundamentar o uso de cannabis nas náuseas e vómitos devidos à quimioterapia, distúrbios do sono, perda de peso relacionadas com o HIV e síndrome de Tourette, concluiu Penny Whiting, da Universidade de Hospitais de Bristol NHS Foundation Trust, no Reino Unido, e seus colaboradores. Esta avaliação foi encomendada pelo Departamento Federal de Saúde Pública. Uma segunda revisão publicada na mesma revista pelo Dr. Kevin Hill, do McLean Hospital, em Belmont (EUA), apresentou resultados semelhantes. Na referida análise, o Dr. Kevin Hill encontra evidências de alta qualidade para fundamentar o uso de cannabis em pessoas com dor crónica ou neuropática e problemas musculares relacionados com a esclerose múltipla.

Hill KP. Medical Marijuana for Treatment of Chronic Pain and Other Medical and Psychiatric Problems: A Clinical Review. JAMA 2015;313(24):2474-83.

Whiting PF, Wolff RF, Deshpande S, Di Nisio M, Duffy S, Hernandez AV, Keurentjes JC, Lang S, Misso K, Ryder S, Schmidlkofer S, Westwood M, Kleijnen J. Cannabinoids for Medical Use: A Systematic Review and Meta-analysis. JAMA 2015;313(24):2456-73.

Reuters de 23 de Junho de 2015

Notícias

Canada — Vancouver regula dispensários de cannabis

O Conselho Municipal de Vancouver votou para regular e licenciar os cerca de 100 comerciantes de cannabis medicinal que existem na cidade, tornando-se a primeira cidade do Canadá a fazê-lo e atraindo críticas da Ministra da Saúde, Rona Ambrose.

CBC News de 25 de Junho de 2015

EUA — Tribunal Superior do Colorado decidiu que os trabalhadores podem ser despedidos por consumirem cannabis medicinal

O Tribunal Superior do Colorado decidiu, a 15 de Junho, que as empresas podem despedir os seus empregados se estes consumirem, fora do trabalho, cannabis medicinal – que é permitida à luz da lei estatal do Colorado mas continua a ser proibida pelo governo federal.

Reuters de 15 de Junho de 2015

EUA — A administração Obama tornou a investigação sobre a cannabis medicinal mais fácil

Um obstáculo burocrático de longa data ao financiamento por privados da investigação sobre a cannabis medicinal acaba de ser removido, com efeito imediato. O governo eliminou a necessidade de submeter a proposta de investigação a um painel de um Serviço de Saúde Pública para avaliar a sua validade científica e solidez ética. De agora em diante, os investigadores têm de apresentar a sua proposta apenas ao FDA (Food and Drug Administration ).

Washington Post de 22 de Junho de 2015

Ciência/Humanos — O THC pode ser detectável no plasma sanguíneo vários dias após o último consumo em consumidores habituais de cannabis

Num estudo com 28 fumadores frequentes crónicos de cannabis que pararam o consumo de cannabis, a concentração de THC no plasma sanguíneo foi acima de 2 ng/ml em 16 participantes 48 horas após a última utilização. O THC - COOH era mensurável em 3 de 5 amostras de sangue 30 dias após a última utilização, e a mediana da concentração de THC no plasma destas 5 amostras de sangue foi de 0,3 ng/ml.

Instituto Nacional de Abuso de Drogas, Baltimore, EUA .

Karschner EL, et al. Drug Test Anal. 11 de Junho de 2015. [na imprensa]

Ciência/Células — O CBD causa relaxamento das artérias humanas

Os efeitos do CBD em células endoteliais de artérias humanas foram investigados. Desta investigação, os autores concluíram que "este estudo mostra, pela primeira vez, que o CBD causa o vaso-relaxamento das artérias mesentéricas humanas através da activação" de receptores CB1 e receptores vanilóides.

Faculdade de Medicina da Universidade de Nottingham, Reino Unido.

Stanley CP, et al. Cardiovasc Res. 19 de Junho de 2015. [na imprensa]

Ciência/Animais — O CBD pode ser benéfico em ataques cardíacos

Um enfarte agudo do miocárdio foi induzido em coelhos e foram investigados os efeitos de doses intravenosas de CBD de 0,1 mg/kg de peso corporal. Os autores concluíram que a terapia com CBD reduziu o tamanho do enfarte e facilitou a reabilitação da função do coração, e isto tem potencial utilidade terapêutica.

Hospital Universitário Gasthuisberg, Leuven, Bélgica.

Feng Y, et al. J Cardiovasc Pharmacol. 9 de Junho de 2015. [na imprensa]

Ciência/Células — CBD e THC reduzem a viabilidade das células do mieloma

A OWC Pharmaceutical Research, uma empresa israelita, anunciou que diferentes combinações de THC e CBD diminuíram a sobrevivência de células de mieloma múltiplo de forma dependente da concentração. O mieloma múltiplo é um cancro das células do plasma, um tipo de glóbulos brancos. Os resultados apresentam mais de 60 % de morte de células malignas. O THC e o CBD, em diferentes proporções, foram mais eficazes do que o THC ou o CBD sozinhos.

PR Newswire, 17 de Junho de 2015

Ciência/Animais — O CBD pode causar perda de memória e este efeito pode ser reduzido por cafeína

Mostrou-se que o CBD reduz a memória e a ansiedade no peixe-zebra. Um pré-tratamento de longo prazo com cafeína reduz a perda de memória. Os autores escreveram que "estes resultados indicaram que o peixe-zebra tem respostas às propriedades ansiolíticas do CBD comparáveis às de outros animais modelo, e doses elevadas alteraram a retenção da memória. "

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.

Nazario LR et al. Pharmacol Biochem Behav. 2015;135:210-216.

Ciência/Humanos — Teor positivo de THC no cabelo pode dever-se à exposição externa ao THC

Num estudo com 10 participantes, que enrolaram cigarros de cannabis cinco dias consecutivos sem consumir cannabis, havia THCA e THC nas amostras de cabelo de todos os participantes. Os autores escreveram que "esta constatação é de particular interesse na interpretação dos resultados THC-positivos de testes ao cabelo de crianças ou parceiras de consumidores de cannabis, em que essa transferência pode ocorrer devido ao contacto próximo. "

Instituto de Medicina Forense, Toxicologia Forense, Centro Médico - Universidade de Freiburg, Alemanha.

Moosmann B, et al. Drug Test Anal. 21 de Junho de 2015. [na imprensa]

Ciência — Nove novos canabinóides foram detectados em cannabis de alta a potência

Nove novos canabinóides foram isolados a partir de uma variedade de cannabis de alta potência. Estes compostos, que estavam presentes em concentrações baixas, incluem quatro hexahydrocannabinols, quatro tetrahydrocannabinols e um canabinol hidroxilado.

Centro Nacional de Pesquisa de Produtos Naturais, Universidade do Mississippi, EUA.

Ahmed SA, et al. Phytochemistry. 17 de Junho de 2015;117:194-199.

Ciência/Animais — Elevada presença de receptores CB2 pode ser um marcador para a inflamação no cérebro em estádios iniciais da doença de Alzheimer

Num modelo de rato da doença de Alzheimer (DA) foram observados receptores CB2, em particular, em placas amilóides. Os autores escreveram que o seu estudo "indica que um marcador radioactivo específico do CB2 pode ser utilizado como um biomarcador de neuroinflamação nas fases pré-clínicas precoces da DA, quando ainda não foi desenvolvida qualquer perda neuronal significativa. "

Departamento de Patologia, The Johns Hopkins University School of Medicine, Baltimore, EUA.

Savonenko AV, et al. PLoS One 2015;10(6):e0129618.

Ciência — O stress influencia os níveis de endocanabinóides

Uma revisão sobre os efeitos do stress no sistema endocanabinóide mostra que o stress provoca diferentes alterações nos dois endocanabinóides, anandamida (AEA) e 2 – araquidonoil glicerol (2- AG ), com a exposição ao stress a reduzir os níveis da AEA e aumentar os níveis de 2-AG. Além disso, em quase todas as regiões do cérebro examinadas, a exposição ao stress crónico provoca, seguramente, uma sub-regulação ou a perda dos receptores de CB1.

Hotchkiss Brain Institute, Universidade de Calgary, Canadá.

Morena M, et al. Neuropsychopharmacology. 12 de Junho de 2015 [na imprensa]

Ciência/Células — A activação de receptores CB1 e A1 produz neuroproteção adicional contra o glutamato

O neurotransmissor glutamato produz danos nos nervos do cérebro após uma lesão cerebral. Um novo estudo mostra que os receptores CB1 e A1 produzem neuroproteção adicional cumulativa contra a toxicidade, induzida pelo glutamato, de células nervosas no hipocampo, uma determinada região do cérebro.

CICS-UBI – Centro de Investigação em Ciências da Saúde, Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal.

Serpa A, et al. Neurochem Int. 9 de Junho de 2015. [na imprensa]