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Boletim da IACM de 30 de julho de 2016

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Ciência EUA — Pacientes mais idosos precisariam de menos medicamentos se tivessem acesso a cannabis medicinal

Os médicos passaram significativamente menos receitas de analgésicos e outros medicamentos a pacientes idosos e pessoas com deficiências que tiveram acesso legal a cannabis medicinal, de acordo com um novo estudo. O Medicare economizou mais de 165 milhões de dólares em 2013 em medicamentos prescritos no Distrito da Columbia e em 17 estados que autorizaram o uso medicinal da cannabis, calcularam os responsáveis pelo estudo. O Medicare é o seguro social nacional dos EUA. O estudo prevê que se todos os estados dos EUA legalizassem a cannabis medicinal, este programa federal pouparia mais de 468 milhões de dólares por ano em produtos farmacêuticos para americanos com deficiência ou com 65 anos ou mais.

Nenhum seguro de saúde, incluindo o Medicare, irá reembolsar o custo da cannabis. Embora a cannabis medicinal seja legal hoje em 25 estados e no Distrito da Columbia, a lei federal continua a proibir a sua prescrição em todas as circunstâncias. O novo estudo, publicado 6 de julho no Health Affairs, foi o primeiro a questionar se há alguma evidência de que a cannabis medicinal esteja a ser usada como medicamento, disse o autor sénior W. David Bradford, em entrevista telefónica à Reuters. A resposta é sim, disse Bradford, um economista de saúde e professor da University of Georgia, em Atenas. "Quando os estados criaram leis para a cannabis medicinal, notámos uma diminuição substancial do recurso as medicamentos aprovados pela FDA", afirmou.

Bradford AC, Bradford WD. Medical Marijuana Laws Reduce Prescription Medication Use In Medicare Part D. Health Aff (Millwood) 2016;35(7):1230-1236.

Reuters de 6 julho de 2016

Ciência/Humanos — Um extrato de CBD reduziu a frequência das convulsões numa forma rara de epilepsia

A empresa britânica GW Pharmaceuticals disse que o seu extrato de CBD Epidiolex conseguiu, num estudo clínico contrado com placedo de fase 3, atingir o seu principal objetivo: reduzir a frequência das convulsões. A empresa disse que o medicamento reduziu significativamente a frequência mensal de convulsões de curto-prazo em pessoas que sofrem de uma forma rara de epilepsia denominada síndrome de Lennox-Gastaut (LGS). O ensaio randomizou 171 pacientes em dois grupos, nos quais foram acrescentados à medicação habitual 20 mg/kg de peso corporal por dia de Epidiolex (n = 86) ou placebo (n = 85).

"Do ponto de vista de um médico, o resultado positivo neste ensaio de Epidiolex em pacientes com síndrome de Lennox-Gastaut é muito empolgante. O síndrome de Lennox-Gastaut começa na infância, é particularmente difícil de tratar, e a grande maioria dos pacientes não obtém uma resposta adequada das terapias existentes ", disse a Dr. Linda Laux, diretora do Comprehensive Epilepsy Center no Ann & Robert H. Lurie Children's Hospital of Chicago e investigadora no estudo. "Estes dados mostram que Epidiolex tem o potencial de proporcionar uma redução clinicamente significativa e robusta em convulsões nesta população altamente resistente ao tratamento, juntamente com uma segurança aceitável e um perfil de tolerabilidade, o que é consistente com a minha experiência clínica anterior com o Epidiolex".

Press release by GW Pharmaceuticals de 27 de junho de 2016

Reuters de 27 junho de 2016

Japão — Fazem-se ouvir as primeiras vozes de apoio ao uso medicinal da cannabis

O Japão orgulha-se de ser pouco tolerante com armas e drogas, mas um pequeno partido político tornou-se o primeira a apoiar o uso medicinal da cannabis. O Japão proíbe a posse e cultivo de cannabis, apesar da tendência em países avançados, como o Canadá e os Estados Unidos, ser liberalizar o uso medicinal. "Confrontados com esta lacuna acentuada entre o Japão e o resto do mundo, o público já nao sabe em que acreditar", disse Saya Takagi do Partido New Renaissance (Shintō Kaikaku), fundado por um ex-membro do partido do primeiro-ministro Shinzo Abe.

A ideia de legalizar o uso medicinal encontra apoiantes entre as fileiras crescentes dos idosos do Japão, que representam pouco mais de um quarto da população de 127 milhões. O governo diz que a legalização da cannabis para uso medicinal é prematura, sem provas científicas. "Nós não estamos a dizer que a cannabis deve ser livre de quaisquer restrições", disse Minoru Arakaki, o chefe da Japanese Clinical Association of Cannabinoids (JCAC). "Só estamos a dizer que vamos realizar uma pesquisa para saber que danos e benefícios ela pode trazer, e vamos usá-lo se ela mostrar ser útil".

Reuters de 7 de julho de 2016

Notícias

Ciência Australia — Eficácia da cannabis será testada no melanoma

Investigadores da Universidade de Canberra vão colaborar com a empresa sediada em Israel, Cann Pharmaceutical para testar a eficácia da cannabis medicinal no tratamento do melanoma. A universidade anunciou um acordo de 1 milhão de dólares para fornecer estirpes específicas de cannabis, que serão administradas a pacientes com melanoma em conjunto com os cuidados que recebem atualmente.

ABC News de 30 de junho de 2016

Ciência/Humanos — Uso problemático de opiáceos em pacientes com dor é mais comum do que uso problemático de cannabis

Num estudo com 888 pacientes com dor, aqueles que foram tratados com opióides apresentaram uso problemático de opiáceos num 52,6% de acordo com o DSM-IV. Entre aqueles que foram tratados com cannabis a prevalência de uso problemático foi de 21,2%.

Departamento de Psicologia da Universidade Ariel, Israel.

Feingold D, et al. Pain Med. 2016 jun 26. [na imprensa]

Ciência/Células — A inflamação induzida por beta-amilóide na doença de Alzheimer é bloqueada pelo THC

Um estudo com células nervosas humanas mostra que a beta amilóide, altamente presente na doença de Alzheimer, provoca inflamação. O THC revelou estimular a remoção de beta amilóide nas células nervosas, bloquear a resposta inflamatória e ser neuroprotector.

The Salk Institute for Biological Studies, La Jolla, EUA.

Currais A, et al. Aging and Mechanisms of Disease 2016;2:16012

Ciência/Animais — Beta-cariofileno modula a inflamação causada pela bactéria da tuberculose

Através da ativação do recetor CB2 beta-cariofileno, modulou-se a inflamação causada pela mycobacterium bovis em ratinhos. A mycobacterium bovis é uma bactéria e o agente causador da tuberculose em bovinos. Os autores escreveram que "estes resultados sugerem que o recetor CB2 pode representar um novo alvo para modular a reação inflamatória induzida por micobactérias".

Instituto de Tecnologia em Fármacos-Farmanguinhos, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil.

Andrade-Silva M, et al. Inflamm Res. 2016 jul 5. [na imprensa]

Ciência/Animais — Ativação do recetor GPR55 promove metástase no cancro da mama

Demonstrou-se que uma concentração elevada do recetor GPR55 em tumores humanos está associada a uma população com cancro da mama triplo negativo agressivo, maior probabilidade de desenvolver metástases, e, por conseguinte, mau prognóstico do paciente. A ativação do GPR55 pelo suposto ligando endógeno lysophosphatidylinositol promove a metástase.

Escola de Biologia, Universidade Complutense de Madrid, Espanha.

Andradas C, et al. Oncotarget. 2016 jun 21. [na imprensa]

Ciência/Humanos — Num relato de caso a combinação de paliperidona e olanzapina com cannabis causou delírio

Uma overdose dos medicamentos antipsicóticos paliperidone e olanzapina em conjunto com cannabis causou delírio, um estado de confusão, num paciente.

Clínica Psiquiátrica Universitária de Ljubljana, Eslovénia

Kokalj A, et al. BMJ Case Rep. 2016 jun 22;2016.